A Reforma da Previdência é apontada como a medida mais crucial para o reequilíbrio das contas públicas, de acordo com economistas. Estes cravam também que o texto, se aprovado, seja o grande responsável pela retomada do crescimento sustentável do país. Mas você sabe qual o impacto que a reforma pode exercer sobre os seus investimentos e finanças?
Mesmo que bem recebido por investidores especialistas, ainda existem vários passos até a eventual aprovação do texto, que será submetido a procedimentos administrativos, votações e eventuais alterações. Seja como for, é de extrema importância entender qual influência este procedimento terá de fato na sua vida.
Basicamente falando, o Brasil é um país que gasta mais do que tem. A população está envelhecendo e, consequentemente, os desembolsos públicos. A ausência de uma idade mínima para se aposentar resulta em muitas pessoas se aposentando muito cedo, de maneira bem mais precoce que países dos quais possuem uma população muito mais velha que a brasileira. Se nada for feito, a situação tende a piorar e o rombo financeiro pode aumentar ainda mais.
O texto prevê a economia de R$ 1 trilhão nos próximos 10 anos, graças ao pagamento de benefícios. Especialistas dizem que seria o suficiente para equilibrar a economia brasileira. Isso aumentaria a confiança de grandes investidores e impulsionaria o crescimento da economia a longo prazo.
Principais pontos
Dois pontos no texto causam burburinho e debates no Brasil: o tempo de contribuição e a idade mínima para se aposentar. E a polêmica se dá por motivos claros: estas são as mudanças que atingirão a maior parte dos trabalhadores do país.
A reforma prevê a mudança da idade mínima para se aposentar, que atualmente é de 65 anos para homens e 60 para mulheres. Com a mudança, os homens permanecem sob a regra dos 65 anos de idade, mas as mulheres passam a ter como idade mínima 62 anos, dois anos a mais.
O governo alega que 2,2% aproximadamente são gastos do PIB com a aposentadoria de pessoas que possuem menos de 60 anos de idade, tendo a maior parte dos gastos recaindo sob os aposentados na faixa dos 54 anos.
A alteração busca otimizar a produção de serviços prestados e a economia de recursos públicos. Isso se deve ao fato de que as pessoas deixam de colaborar com a riqueza interna no momento em que saem do mercado de trabalho para se aposentarem. Sem contar os trabalhadores que, mesmo aposentados, continuam no mercado de trabalho, mas naturalmente apresentam menor produtividade.
Há também proposta de alteração para o tempo mínimo de contribuição, que pula de 15 para 25 anos. Esse período corresponde a 75% do benefício ao contribuinte. Para a obtenção de 100% do direito ao benefício, o tempo de contribuição será de 40 anos.
Mas em relação aos investimentos, o que muda?
Devido ao receio de entrar no mundo dos investimentos, que muito tem a ver com a deficiência na educação econômica no Brasil, os brasileiros tendem a prender-se à aposentadoria, fazendo com que as pessoas não se preocupem com a economia de recursos ou poupanças. E isso é grave, devido ao cenário de crise. Graças a esse contexto, a taxa de reposição de aposentadoria do Brasil é mais alta que muitos países.
A tendência da redução dessa taxa de reposição e o adiamento ao direito do benefício da aposentadoria tem como objetivo fazer com que as pessoas desenvolvam o hábito de buscar a educação financeira, levando-as a procurar conhecer outros tipos de investimento.
Por outro lado, aumentar a taxa de poupança significa aumentar os recursos de empréstimo para empresas e consumidores, levando a diminuição no custo de crédito, a taxa de juros. Esse processo colabora com a estabilidade da volatilidade da Bolsa de Valores. Quem agradece são os investidores, que se sentem seguros e confiantes para investirem mais.
A redução de juros pode significar a elevação de investimentos privados, seja de renda fixa ou variável, diversificando o mercado financeiro como um todo.
Por modalidade
Há pontos específicos para cada modalidade de investimentos e é sobre isso que tratam os tópicos a seguir:
Renda Fixa – A reforma pode causar impactos sobre juros de renda fixa. Se houver riscos de que o texto não seja aprovado, o prêmio oferecido deverá ser maior do que o atual. Isso está relacionado a expectativa dos investidores.
Quanto maiores os juros futuros, menores serão os preços dos títulos. Consequentemente, maior será a taxa de rentabilidade exigida.
Os papéis pós-fixados podem sofrer mudanças de taxa de retorno. Há um percentual de indexador de economia, como a taxa Selic ou o CDI. Quanto maior o indicador, maiores os rendimentos.
Renda Variável – A medida que novas mudanças e movimentações relacionadas a reforma ocorram no Congresso e no Senado, há a tendência do aumento da volatilidade. Isso se deve ao fato da renda variável ser extremamente sensível às notícias da reforma da previdência.
A previsão de votação da proposta é para o mês de agosto e, por este motivo, este cenário requer cautela e atenção aos passos do texto.
Caso a proposta atual sofra com grandes mudanças, o mercado tende a atuar em ritmo de vendas de ativos, pois o risco tende a aumentar.
Em caso de não aprovação da reforma da previdência, a renda variável corre o risco se sofrer quedas, principalmente a curto prazo. Ao mesmo tempo, em contrapartida, os ativos relacionados ao câmbio devem valorizar-se, pois o dólar vai se tornar mais forte.
Fundos de Investimento – Parte dos fundos de investimento também podem atravessar períodos de volatilidade, fração ao impacto no câmbio, juros e renda variável em relação às outras aplicações.
Independentemente do cenário, os fundos de investimento aparecem como boas alternativas. Justamente por isso são apontados por muitos como grandes investimentos para se optar.
Esteja antenado
A reforma da previdência terá impactos na sua vida, maiores ou menores a depender de suas movimentações no cenário econômico. O importante é se informar, estudar e estar sempre atento para as mudanças e todo o passo a passo da votação do texto. É de vital importância conhecer a fundo todos os pontos da reforma.